terça-feira, 14 de setembro de 2010

Os vários Ritos da Missa

No meu livro recém editado “Considerações sobre as formas do Rito Romano da Santa Missa”, explico a origem e a razão de ser dos diversos ritos da Missa. Jesus instituiu a Eucaristia em meio à ceia pascal judaica, sua Última Ceia, apenas nos seus elementos essenciais. Os Apóstolos e seus sucessores, - ou seja, a Igreja -, com a autoridade que Jesus lhes conferiu, foram enriquecendo o que Jesus instituiu, com várias cerimônias e ritos.
A partir da primeira comunidade de Jerusalém, outras foram surgindo, tornando-se comunidades locais de outras cidades antigas, como Antioquia, conservando a unidade de fé e moral, segundo as Escrituras e as tradições de Jerusalém. Essas comunidades se desenvolveram e adotaram costumes próprios da região, nascendo assim os diversos ritos. Já no século IV, documentos nos revelam a existência de vários ritos.
Assim, a única Igreja Católica, que comporta a Igreja do Oriente e do Ocidente, una na sua unidade de culto, tem um só e mesmo sacrifício da Missa, mas celebrada numa grande variedade de ritos orientais e latinos, todos eles sendo expressões diferentes do mesmo culto católico prestado a Deus. A diversidade litúrgica, quando legítima, é fonte de enriquecimento e não prejudica a unidade da Igreja. Pelo contrário, “as diversas tradições litúrgicas (ou ritos), legitimamente reconhecidas por significarem e comunicarem o mesmo mistério de Cristo, manifestam a catolicidade da Igreja”. “A riqueza insondável do Mistério de Cristo é tal que nenhuma liturgia é capaz de esgotar sua expressão. A história do surgimento e do desenvolvimento desses ritos atesta uma complementaridade surpreendente” (C. I. C. n. 1201).
A Igreja Oriental tem cinco grandes famílias de ritos litúrgicos: Bizantino, Armênio, Antioqueno, Caldeu e Alexandrino, com suas dezenas de subdivisões. Bem conhecidos entre nós são, por exemplo, o rito Maronita, o rito Melquita e o rito Ucraniano. A Igreja do Ocidente – Latina – tem também vários ritos, como o Ambrosiano, o Bracarence, o Mozárabe e, o mais importante deles, o Rito Romano, o rito usado na Igreja de Roma pelo Santo Padre o Papa, rito ao qual nós pertencemos. O Rito Romano é antiqüíssimo na Igreja e, segundo atesta o Papa Paulo VI na sua Constituição Apostólica Missale Romanum, “conservou sempre a mesma forma que foi fixada entre os séculos IV e V”, tendo a sua principal promulgação, em obediência às determinações do Concílio de Trento, em 1570, pelo Papa São Pio V, missal esse não ficou intacto, mas foi se desenvolvendo organicamente, recebendo modificações feitas pelos Papas posteriores.
O Papa João Paulo II advertia: “A diversidade litúrgica pode ser fonte de enriquecimento, mas pode também provocar tensões, incompreensões recíprocas e até mesmo cismas. Neste campo, é claro que a diversidade não deve prejudicar a unidade. Esta unidade não pode exprimir-se senão na fidelidade à fé comum ... e à comunhão hierárquica” (Carta Apost. Vigesimus Quintus Annus, n. 16).


Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney